"Poesia para que te quero
Para eles a poesia
é uma donzela seca e pontuda
que não pisa no chão
e sobrevoa de armadura
numa bolha de nuvem cinza.
A poesia não tem leite nos peitos
nem cheiro no sexo.
E não constitui nova versão
da Virgem Santíssima
que pariu sem pecado
mas sujou-se com o parto
e as radicalizações
de mãe aflita.
A poesia é uma reinvenção
higienizada e isenta
do Filho
uma irmã biônica
sem espinhos nem cruz
sem suor nem sangue
sem pão nem peixe
sem sermão nem saga
sem festa e vinho
sem óloes nem carinhos
de Madalena.
A poesia mora num bunker
desaromatizado e composto
com peças e paisagens do mundo
em ralidade virtual.
A poesia foi vacinada contra
e não se agenda para
tesões tensões contradiçoes
confrontos e conflitos.
Principalmente os de classe
e do presente.
A poesia faz companhia limitada
a ela própria
e seus eleitos
comunicando-se a distância
em circuito fechado.
A poesia se inscreve
por controle remoto
e sensibilidade remotíssima.
A poesia é a dissecada coisa em si
e para si
com antena para nós
programada em pára-raios."
By Marcelo Mário de Melo
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