Benjamin Franklin
No texto introdutório que contém as noções preliminares necessárias à compreensão do Livro dos Espíritos, encontramos os termos em que os espíritos deram a Kardec, “por escrito e por muitos médiuns, a missão de escrever” o Livro dos Espíritos. Entre as várias orientações escolhemos algumas:
“Ocupa-te, cheio de zelo e perseverança, do trabalho que empreendeste com o
nosso concurso, pois esse trabalho é nosso. Nele pusemos as bases de um novo edifício que se eleva e que um dia há de reunir todos os homens num mesmo sentimento de amor e caridade...
“todos os que tiverem em vista o grande princípio de Jesus se confundirão num só sentimento: o do amor do bem e se unirão por um laço fraterno, que prenderá o mundo inteiro...
“Lembra-te de que os Bons Espíritos só dispensam assistência aos que servem a Deus com humildade e desinteresse e que repudiam a todo aquele que busca na senda do Céu um degrau para conquistar as coisas da Terra; que se afastam do orgulhoso e do ambicioso...
São João Evangelista, Santo Agostinho, São Vicente de Paulo, São Luís, O Espírito
da Verdade, Sócrates, Platão, Fénelon, Franklin, Swedenborg, etc., etc.
Entre os que assinam encontramos o nome de Franklin, Benjamim Franklin. Em outras oportunidades já manifestei o meu interesse pelos espíritos responsáveis pela codificação da Doutrina Espírita.
Franklin é uma figura fascinante, pouco conhecida em nosso meio, a não ser pelo seu retrato nas notas de US$ 100.00. Nasceu em em 1706 em Boston e desencarnou em 1790. Teve origem modesta, seu pai fabricava velas de sebo e sabão; freqüentou escolas por dois anos, demonstrando notável facilidade em ler e escrever, adorava ler, aos dez anos foi retirado da escola para ajudar o pai no seu trabalho.
Um pouco de emoção:
Epitáfio do Túmulo dos pais de Benjamin Franklin
Aqui jazem Josiah Franklin e Abiah sua esposa
Viveram juntos, amando-se com ternura, em matrimônio durante 55 anos
sem possuírem uma única propriedade nem emprego lucrativo,
pelos seus constantes diligência e labor.
Mantiveram confortavelmente uma grande família,
e criaram 13 filhos e 7 netos, com boa reputação.
Desta estância, tu que lês estas palavras, recebe coragem para ser diligente nos teus apelos e não descreias da Providência.
Foi ele um homem prudente e piedoso, foi ela uma mulher virtuosa e discreta.
O seu filho mais novo, em homenagem filial à sua memória, aqui coloca esta lápide.
J.F. Nascido em 1655, falecido em 1744 Aetat 89
A.F. Nascida em 1667, falecida em 1752 – 85
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Laboriosamente Benjamim Franklin foi ascendendo em meio a dificuldades sem número, sem perder a humildade e o mais profundo despreendimento, cientista inicialmente ridicularizado, depois consagrado pelas suas descobertas no campo da Eletricidade, notadamente a invenção do para-raio; líder social, fundava universidades, hospitais, corpos de bombeiro, por vezes aflorava novamente seu lado tecnológico e inventava um fogão; Foi um dos cinco americanos que redigiu a declaração da independência dos Estados Unidos, e da sua primeira constituição, que seria um passo decisivo na evolução política da humanidade.
Se Deus permitir voltaremos a biografia desse benfeitor da humanidade.
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Mas hoje, nesse singelo espaço, gostaria de brindar o leitor com as preces de Benjamim Franklin e seu método de reforma íntima.
Numa determinada altura de sua sua vida Franklin, desanimou de freqüentar cultos públicos, os pregadores faziam sermões onde não penetravam o sentido profundo do Evangelho, detinham-se muito nas práticas exteriores, e decidiu não aderir a nenhuma seita em particular, acreditando, inclusive, que seu método de vida poderia ser utilizado por pessoas de qualquer religião, passou então a praticar a sua fé em três direções:
Cultivar a oração
Buscar a perfeição moral
Cultivar a única maneira que via de agradecer a Deus: auxiliar os seus irmãos de humanidade.
Este descaso pelo culto exterior levaria muitos dos seus conterrâneos a julgá-lo um homem sem religião, quanto a mim, um anônimo no meio na multidão, professando uma doutrina que atinge apenas 2,5% da população do meu país, me emociono ao observar quanto era luminosa a sua fé ainda em meados do século XVIII.
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Compôs uma prece que formulava quase diariamente: “Ó Poderosa Bondade! Pai Generoso! Misericordioso Guia! Faz com que a minha sabedoria aumente, visto que nela reside o meu mais vivo interesse. Robustece a minha resolução de cumprir o que essa sabedoria me ditar. Aceita meus bons ofícios pelos Teus outros filhos, como sendo a única maneira de que disponho para dar te dar graças pelos benefícios que de Ti recebo.”
É de se notar a íntima relação que estabelecia entre razão e fé, e a postura radical de que a prática da caridade é a única maneira válida de agradecer a Deus.
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Quanto a perfeição moral, escolheu 13 virtudes, em cada semana dava atenção especial a uma virtude, passadas as 13 semanas iniciava novamente um novo ciclo. Em resumo as 13 virtudes que elegeu para a sua reforma íntima eram:
Temperança: não comer até ao embrutecimento, nem beber até a embriagues.
Silêncio: Não falar senão do que pode ser benéfico para os outros ou para nós mesmos; evitar as conversações frívolas
Ordem: um lugar para cada coisa e cada coisa no seu lugar; destinar uma hora para cada uma de nossas tarefas.
Resolução: resolver cumprir o que é dever, e cumprir, sem falhar, o que se resolve.
Frugalidade: não fazer despesas, senão em benefício próprio ou em benefício de outrem, isto é, não desperdiçar.
Aplicação: não perder tempo; ter sempre entre as mãos qualquer trabalho útil; suprimir todas as ações desnecessárias.
Sinceridade: não recorrer a ludibrios prejudiciais; pensar sem idéia preconcebida e com justiça; e ao falar, fazê-lo de conformidade com este princípio.
Justiça: não prejudicar ninguém fazendo o mal, ou omitindo benefícios que constituem nosso dever.
Moderação: Evitar os extremos; abster-se de guardar ressentimento pelas injúrias, na medida em que as consideramos merecidas.
Limpeza: não tolerar a falta de limpeza no corpo, no vestuário e na habitação.
Tranqüilidade: não se perturbar com insignificâncias, nem com acidentes correntes e inevitáveis.
Castidade: usar raramente do prazer da carne e apenas para benefício do organismo e tendo em vista a descendência; jamais até so embrutecimento, ou ao debilitamento, ou em prejuízo da própria paz e reputação, ou da paz e reputação de outrem.
Humildade: imitar Sócrates e Jesus.
Para documentar a execução do seu programa, tomou de um caderno e fez uma tabela para cada semana, com 13 linhas (uma para cada virtude) e sete colunas (uma para cada dia). Cada falta com relação a uma virtude era marcada com uma cruz.
Com relação ao dia a dia seguia o seguinte programa:
Manhã:
Pergunta: Que poderei fazer hoje de bom?
5h – levantar, abluções, e oração: “Oh Pai de Infinita Bondade”
6h – 7h – Imaginar as tarefas para o dia e tomar a resolução do dia; prosseguir no presente estudo e pequeno almoço.
8h – 11h – Trabalho;
Meio-dia
12h – 13h – Ler os verificar a minhas contas e almoçar
14h – 17h – Trabalho
Tarde
Pergunta: O que eu fiz de bom durante o dia de hoje?
18h – 21h – Por tudo em seus lugares; Jantar; Música, diversão ou conversação; exame do dia.
Noite
22h – 4h – Sono.
Ao por esse plano em prática segundo as suas próprias palavras: “Surpreendia-me o fato de reconhecer que tinha muito mais defeitos do que imaginara; mas tinha a satisfação de vê-los diminuir”
Aos 69 escreveria:
“Talvez possa ser útil a minha posteridade saber que a este pequeno artifício e a proteção divina, deveu o seu antepassado a constante felicidade da sua vida...
À temperança atribuo a boa saúde que gozei...
À aplicação ao trabalho e a frugalidade, a facilidade precoce das circunstâncias em que adquiri a minha fortuna, bem como os conhecimentos que me tornaram apto a ser um cidadão útil...
Á sinceridade e à justiça a confiança do meu país e os honrosos encargos que me foram confiados...
E à influência conjugada de todo o conjunto de virtudes, mesmo no imperfeito nível que consegui alcançar, toda essa serenidade de espírito e jovialidade de conversação que tornou minha companhia procurada e agradável...”
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A esses espíritos virtuosos e humildes, como Franklin, na carne mais preocupados com a prática da virtude e do amor ao próximo, do que com longas especulações teóricas, e no mundo espiritual com a visão dilatada pela ausência da carne, Deus incumbiu redigirem a Codificação da Doutrina Espírita, organizada e publicada por um sensato e abnegado professor primário. E assim foi feito, e esses livros são acessíveis a doutores e à operários, desde modestas empregadas domésticas de países pobres, até à homens das elites dos países do hemisfério norte.
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E para nossa consolação, certamente no dia de hoje, em algum lugar, talvez esquecido pela mídia, talvez num lar tão pobre quanto o de Josiah e Abiah Franklin, estará renascendo um espírito superior, dádiva de Deus à nossa esperança, que nos trará através de seu exemplo, uma forte contribuição a nossa busca pela felicidade.
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